Linguagem/Cinema

Tentativa de pensar um devir para o campo audiovisual. Mesa de informação. Olho e câmera. Nova era de combinatória de bancos de informações. Devir da imagem. Emergência do cinema. Por vir. Advir alem da imagem tempo. Passagens. Consciência. Semiose. Inconsciente. Realizador. Salvar a existência das coisas. Sair da realidade para o sonho. Retornar. Criar elementos de movimentos. Ver, ouvir, olhar, escutar. Texturas de imagens, estrupo estilísticos na percepção. Reverberação do caos. Pensar...fugir...desviar o concensual, o estabelecido. Desinstitucionalizar o pensar. Desordem. Interconexões de sentido. Abertos. Horizontes. Mergulho no percurso do caminhar. Revelar. Processar. O enigma da dramaturgia revelada. Ou não. Signos. Diferentes formas de leitura. Seqüencia. Imaginário. Diferentes formas de olhar. O encontro com o outro múltiplos ângulos da presença. Habitar o tempo. Perceber-se, viver, investigar a inquietação. confrontá-la, chocá-la, desmascará-la. Viver o real e o supra imaginário. Descobrir. Composições de passagens






Esta pagina condensa parte do processo de investigação e criação dos trabalhos realizados no instituto de Artes da Unicamp no segundo semestre de 2010. A disciplina cursada faz parte do programa de pós-graduação em Multimeios; e tem como tema “Cinema documentário e experimental: passagens”, ministrada por Elinaldo Teixeira

Ementa da disciplina
A disciplina se propõe a percorrer um campo epistemológico definido que tem em seu núcleo o pensamento sobre cinema. Nesse sentido, acompanha a teorização cinematográfica embutida no construtivismo russo e a análise do classicismo narrativo. O pensamento de origem fenomenológica que caracteriza a obra de André Bazin serve como introdução aos questionamentos epistemológicos dos anos 60. O estruturalismo dos anos 60 e o recorte semiológico são abordados em sua evolução para a reflexão pós-estruturalista, constelando a teoria do cinema dominante no final do século 20. Será também percorrido o horizonte dos Estudos Culturais. A Teoria do Cinema que tem como base conceitual a filosofia cognitivista/analítica, será trabalhada em seu potencial de contraposição ao campo pós-estruturalista.
(Ementa completa na pagina - www.labirintico.blogspot.com/p/ementa.html )


Intro - Apresenta (nov/2010)

Percurso interno

As relações entre pratica e teoria vivenciada na academia geram um distanciamento no aluno em seu processo de investigação sobre o tema pesquisado, esta lacuna gerada muitas das vezes por o aluno não ter estímulos ou referencias para o andamento da pesquisa prática, outras pela academia na proporcionar meios para essa criação. Em seu artigo intitulado, Algumas reflexões sobre cinema, literatura e sensação estética na academia, Passos levanta um questionamento sobre o “enfraquecimento do sujeito autoral nos trabalhos acadêmicos em conseqüência de um direcionamento da metodologia de pesquisa a um modelo racionalista”,

Herança do positivismo, a distancia espstemológica entre fazer artístico e o procedimento cientifico se cristalizou no campo acadêmico, revestindo-se de uma falsa oposição: ciência e não ciência, ao invés de arte e ciência como complementaridades necessárias a produção de conhecimento, incluindo no campo da arte a área da comunicação, dada sua dimensão estética.


Sendo assim, buscaremos canalizar nossas inquietações no encontro e dialogo entre teoria e prática, experienciando novas sensações, estímulos e troca.


Percurso externo/interno

Todas as quintas-feiras (2010) curso duas disciplinas na universidade, uma no período da manha, outra cursada no período da tarde. Durante esse semestre morei em dois lugares diferentes, em São Paulo, onde atualmente trabalho e, em Limeira, interior de São Paulo. Entre essas duas cidades vim estudar. Campinas. Cidade grande, em processo acelerado de expansão. Unicamp. Fundada em 5 de Outubro de 1966, veio responder a crescente demanda econômica da década de 60, no auge da modernização brasileira.
Quando venho de São Paulo costumo pegar um ônibus que passa em frente ao metro Sumaré. O preço da passagem é um pouco "salgado" 25 reais. A vantagem é que o ônibus entra dentro do campus da Unicamp. Diferente da experiência que fiz quando inventei de pegar na estação rodoviária do Tiete. Pois. alem de pegar um metro de minha casa até o Terminal Rodoviário Tiete, quando chego a Campinas, tenho que pegar outro ônibus circular até a universidade. Quando faço esse caminho acordo uma hora e meia mais cedo do que de costume que são 6:15, a economia, mesmo com a carteirinha de estudante é de 4 reais.


Percurso interno/externo

Desde o inicio do semestre (agost.2010) busco formas de inserir a câmera dentro e fora da sala de aula durante este processo de estudos. Não buscando apenas um registro das aulas e dos acontecimentos, mas sim o que pode vir a surgir a partir desse encontro, diálogo e troca. A pergunta que busco é de como criar novas formas de entendimento e dialogo com o outro, sejam alunos, professores ou funcionários e o cotidiano da universidade, assim como aulas, palestras, seminários, apresentações artísticas e cientificas. Procurei manter o foco para esta investigação, a leitura e a prática das referencias teóricas proposta pelas disciplinas, em dialogo com o cotidiano dentro e fora da academia

Como?
Como as tecnologias nos possibilitam gerar novas formas de perceber, sentir, escutar, criar e comunicar com maior liberdade e criatividade? como explorar todo um conjunto de linguagens interconectadas? Como gerar novos espaços de criação e comunicação? Como investigar, criar e dividir a pesquisa para determinada situação? Como refletir sobre o conteúdo dessas informações?





As perguntas por alguns segundos se foram...

Passagens. Doc 28 min 33s - 2010

O vídeo se compõem em três partes, as quais podem ser vista juntas ou separadas. A primeira parte tem um movimento contínuo, buscando uma narrativa a partir do encontro e desencontro dos acontecimentos, seus erros e acidentes são situações exploradas criando movimentos juntos aos sons e imagens. A segunda parte do vídeo não se preocupou, na montagem, em criar uma narrativa linear entre as imagens projetadas e captadas de filmes exposto em aula. A terceira parte, optamos em deixar o material bruto, já que as imagens criam um movimento com o que é exposto em aula.

Imagens em devir
A primeira experiência de introduzir a câmera dentro da sala de aula foi “tensa”, pois neste dia, chego em cima do horário da aula, a qual geralmente começa as 9h. Neste dia, Elinaldo convida o cineasta e pesquisador,  Joel Pizzini, para apresentar suas experiencias no campo cinematográfico. Antes do inicio da aula, falo com Elinaldo se é tranquilo filmar a aula, e ele fala, "sem problema". Entro na sala. Sento em uma cadeira ao fundo da sala. Abro a mochila. Pego a câmera, e REC...





Quando Joel se apresenta, inicio a filmagem. Fico no fundo da sala com o intuito da presença da câmera não incomodar. Tento filmar o mais discreto possível. Joel esta com uma fala um pouco tímida, penso então ser a presença da câmera que o incomodava, mas não, aos poucos foi se soltando e as idéias fluindo.

Em seus filmes Joel parte de um roteiro; mas o que vem a acontecer é o que interessa para o processo de criação do autor. O Autor ultiliza o roteiro apenas como um guia a ser seguido, mas não ao pé da letra, Joel busca no realizador Cavalcanti, as bases de construção do cinema, tanto na produção, cenografia e demais técnicas da dec. 20. Cavalcanti tem recortes precisos no campo do cinema experimental, documental e ficcional. Joel tem interesse ao foco, a catalisação do processo de criação, como ressalta a realização do filme. Catalisa suas criações na poética da imagem






Por se tratar do segundo encontro da disciplina, fiquei bem estimulado nos conceitos que Joel utiliza em suas criações, pois dialoga também com minhas idéias a respeito do processo de criação audiovisual, já que Joel tem um trabalho na poética da imagem, ressaltando sua catalisação no processo de criação.

Após o encontro durante a mesma semana, realizei a montagem do vídeo da apresentação de Joel. Na construção da montagem foram utilizadas imagens do mesmo dia do encontro, onde se tem, alem das imagens da aula, imagens de dentro de um ônibus circular dentro do campus da Unicamp, o que permitiu criar um movimento junto as exposição da aula, mais as imagens que Joel projetou de seus filmes. A partir desta primeira investigação, foi entregue um DVD com os vídeos para Elinaldo, pensei assim, deixá-lo ciente do que foi realizado durante aquela semana e também para não causar um estranhamento da presença da câmera nas próximas aulas.





A partir das referencias teóricas estudadas nas aulas durante o semestre, foram surgindo algumas versões de vídeos experimentais, alguns um tanto didático, onde se tem a exposição dos conceitos utilizado pelo cinema em dialogo com as imagens que representam estes conceitos, muitas vezes transmitidas através dos próprios filmes que são projetados durante as aulas ou, no processo da montagem.





Audio - Cinema de Autor
Discussão após exposição de Joel Pizzini

Cinema de Autor - Joel Pizzini by teatroevideo@gmail.com


Audio - Cinema de autor
Paradoxo sobre a noção de autor. Por Elinaldo
Novo sujeito da modernidade. Tentativa constante de se erguer. O sujeito é sempre asujeitado pelo social

Cinema de Autor by teatroevideo@gmail.com



PASSAGENS LABIRINTICAS

Caminhos e Descaminhos das Imagens em Devir



PASSAGENS

Resumo: Este texto investiga os caminhos e descaminhos percorridos pela linguagem e pelo cinema, tendo rápidas passagens em suas estruturas de construir o conhecimento através da linguagem. O trabalho aborda em suas diferentes épocas a criação da linguagem e o pensar ‘sobre’ e ‘com’ o cinema, em seus diversos pontos de vistas, transitando pelo pensamento de Metz após ter escrito que “o cinema é uma linguagem”, gerando muitos questionamentos, como no caso de Parente ao falar que o “cinema é composto imagético” e narrativo. Já para Dubois o cinema é uma “maquina de pensar” desde sua origem aos dias atuais. A proposta deste trabalho é reler a experiência dos trabalhos apresentados junto a este texto, uma mídia DVD, contendo alguns vídeos do processo de construção dos trabalhos investigados


Nomear para dar existência


Toda história do homem sobre a Terra, constitui um permanente esforço de comunicação e criação. Desde que os homens passaram a viver em sociedade, o nível de progressos nas sociedades humanas pode ser atribuído, à maior ou menor capacidade de criação e comunicação entre os povos. Segundo Witaker (1987:78) a “aquisição de conhecimentos sobre linguagem é parte integrante da comunicação humana, porque linguagem é conhecimento e porque os limites da linguagem constituem os limites do conhecimento”.
A linguagem é um recurso de comunicação próprio do homem que evolui e continua a evoluir em ritmo constante. As pessoas se comunicam em todos os momentos, nas diferentes situações e das mais diversas formas.

A história dos meios do homem se comunicar inicia-se no momento em que os integrantes de um primitivo agrupamento humano começaram a se entender por gestos e sons indicativos de objetos e intenções. Em seguida com base nessa experiência, surgiu a linguagem oral, concebida numa primeira fase, como um elenco de nomes próprios.

A linguagem oral é mais expressiva, espontânea e natural, estando por isso mesmo, mais sujeita a transformações e evoluções no momento em que se fala. Na linguagem falada contamos com uma série de reforços que não temos na escrita: os gestos, as expressões fisionômicas, a maneira de olhar, a entonação e um sem número de outros sinais, que cooperam para a mais fácil transmissão do significado. (PENTEADO, 1987:221)

Com o passar do tempo, do nome próprio nasceu o nome comum, isto é, a palavra que não se limita a indicar um determinado objeto, mas sim todos os objetos de uma mesma espécie. Mais tarde o homem aprendeu a reproduzir, pelo desenho, a figura de animais, plantas e cenas da natureza. Discute-se sobre as intenções dos “longevos” artistas que desenharam tais figuras nas paredes das cavernas. Um dia o homem gravou uma marca à qual atribuiu um significado e, a partir desse primeiro sinal lançou os fundamentos daquilo que viria a ser a escrita.

Através da escrita, o espírito humano quase consegue tornar-se independente dos objetos sensíveis. Por esta razão, a escrita alfabética é considerada como um meio quase infinito de aculturação. Porém, por outro lado, a escrita é condicionante. Na escrita, os signos se mantêm uma ordem social que caracteriza o homem das diferentes épocas históricas. (GUTIERREZ, 1978:52)

Primordial na história da escrita foi a invenção, possivelmente quase quatro mil anos antes de Cristo, da pictografia. Com o advento pictografia que permitiu a construção de sinais construindo um sentido convencional, passaram a designar conceitos abstratos, tornando-se ideogramas, acresceram-se, depois sílabas que, articuladas, formaram palavras. Afinal, surgiram signos alfabéticos que, correlacionando a escrita com a voz humana, reproduziram graficamente. Para Gutierrez (1978:54) “a linguagem escrita é um instrumento maravilhoso para forjar o pensamento, servindo do saber humano. Pode-se afirmar que a escrita é o instrumento privilegiado da inteligência.”
Com a escrita, o homem se jogou no tempo e espaço. Ela permitiu a fixação do conhecimento, mantendo-o disponível ao longo do tempo.

Escrever e falar são técnicas diferentes, porque a escrita é mais elaborada. A transcrição fonética, por mais perfeita que seja, não consegue impregnar a palavra escrita com o colorido da palavra falada. Não se escreve como se fala, pois faltam sinais capazes de traduzir a riqueza da linguagem falada onde se usam também os recursos corporais (PENTEADO, 1987:219)

Por meio da linguagem, temos a possibilidade de entrarmos em inúmeras sensações e descobertas e, muitas vezes captamos sentimentos que nos remetem a nós mesmos, a convivência com o outro e nossa condição existencial.




Caminhos e descaminhos

O mundo contemporâneo faz com que todos nós estejamos imersos em linguagens e imagens. A competição comercial, própria do capitalismo, associada às facilidades da imprensa, da fotografia, do cinema, da televisão e dos computadores, faz com que estejamos mergulhados em um universo, cujo espectro visual é preponderante, inclusive, carregado por mensagens subliminares.
As imagens como representações de formas e conteúdos se impõem fortemente ao homem como uma atração perceptiva. Para Dubois (2004:145) “assim como as maquinas de linguagem, as maquinas de imagens são obviamente muito antigas”. Cada inovação tecnológica modifica valores, hábitos e costumes, estabelecendo novos padrões de realidade cada vez mais exigentes no que diz respeito à utilização da tecnicidade.

O cinema foi a primeira forma de arte a nascer em decorrência de uma invenção tecnológica, em resposta a uma necessidade vital. Foi o instrumento de que a humanidade necessitava para ampliar seu domínio sobre o mundo real. Pois a esfera de ação de qualquer forma de arte restringe-se a um aspecto da nossa descoberta espiritual e emocional da realidade circundante. (TARKOVSKI, 1990: 95-96)

Em 1895 com a invenção do cinematógrafo, aparelho que permite registrar uma série de instantes fixos, em fotogramas, é o passo para a invenção do cinema, registrados tanto pelos irmãos Lumière e de Georges Méliès. Para Dubois é o cinema de origens, “o cinema das descobertas e das experiências, da inocência, das primeiras sensações fortes, da profundidade e do plano seqüencia brutos”
Conforme Dubois (2004:44) “a tecnologia é simplesmente e literalmente, um saber fazer” e “o cinema é tanto uma maquinação (uma maquina de pensamento) quanto um fenômeno físico-perceptivo. Sua maquinaria é não só produtora de imagens como também geradora de afetos, e dotada de um fantástico poder sobre o imaginário dos espectadores”. Esta experiência vivenciada não só pelo expectador, mas também pelo realizador tem o poder de provocar um comportamento empático, razão pela qual a experiência visual gera uma atitude de interação e participação, finda por inserir “realizador” em mergulho em sua própria realidade.

O cinema é obra aberta, inacabada, presta-se a múltiplas interpretações, uma hermenêutica do sentido, uma pluralidade instável e indeterminada que, a todo tempo, cria brechas e dissipações, que propiciam ao sujeito-vidente encarar os paradoxos do tempo presente, para tentar, na medida do possível, regenerar sua própria existência, direcionando-a para busca de novos níveis de significação, sejam eles individuais, sociais ou planetários. (CARVALHO, 2006: 35)

O cinema por sua essência integra o homem no mundo, o filme comporta sempre uma estrutura, uma escolha, uma organização.



Elinaldo expõe alguns conceitos utilizados pelo cinema







O filme tem o poder de armazenar e transmitir uma grande quantidade de informações. Segundo Bazin (1991) “o filme sempre se apresenta com uma sucessão de fragmentos de realidade na imagem, num plano retangular de proporções dadas, a ordem e a duração de visão determinando o sentido”
Para Metz (1980) o cinema deve ser considerado uma linguagem, “haverá a linguagem verbal, a linguagem musical, a linguagem pictórica, a linguagem das flores, a linguagem dos gestos”, Metz compara o cinema a uma língua que se distingue das outras linguagens pela matéria de expressão, não só tem possibilidades de comportar vários códigos, mas varias linguagens que, de certo modo, contem em si próprio; “linguagens que se distingue entre si pela sua própria definição física: fotografia móvel em seqüência, som fonético, musical, ruído”.
Em seu livro Narrativa e Modernidade, André Parente (2000:18) analisa que “o cinema não se constitui enquanto linguagem” e defende que “o cinema é composto imagético e Narrativo”. Ao estudar Metz, Parente formula suas reflexões defendendo,
o fato de o cinema contar historias por mais bonitas que sejam, não basta para que ele se torne linguagem. É preciso apelar para duas operações semiológicas suplementares: por um lado, o filme, ou seja, a história, que deve ser submetida a regras lingüísticas. Por outro, as imagens, que devem ser assimiláveis a enunciados narrativos. (PARENTE, 2000:19)

Para Barthes “a narrativa começa com a própria historia da humanidade” todos os povos em suas diferentes épocas, e classes, tem sua narrativa, para o autor

compreender uma narrativa não é somente seguir o esvaziamento da historia, é também reconhecer nela “estágios”, projetar os encadeamentos horizontais do “fio” narrativo em um eixo implicitamente vertical; ler (escutar) uma narrativa não é somente passar de uma palavra a outra, é também passar de um nível a outro. (BARTHES, 1971: 26)

Há uma dissociação radical do falar e ver. O que eu vejo, não é o que eu falo. O que eu falo não é o que eu vejo, ver e falar. Mesmo havendo esse distanciamento entre ver e falar, entre uma palavra e uma imagem, buscamos na técnica da estrutura narrativa, os conceitos que cabem também a leitura da imagem ou da narrativa visual.
Nessa perspectiva, a narrativa revela a forma de contar a realidade, e que pelo registro do que é e acontece, constitui uma fonte de informação e reflexão da realidade concreta daqueles que a vivem. Muitas formas de contar uma história podem extrapolar a realidade, exagerando coisas normalmente aceitas ou simplesmente criando novas formas de se perceber esta realidade.
Assim como os escritores usam a palavra, para transmitir uma informação, os realizadores cinematográficos usam elementos da própria imagem para compor a construção da narrativa explorando seus movimentos, as luzes, os sons e as cores, através da investigação desses elementos, surge à narrativa, considerada como elemento de base do cinema. Para parente “o ato de narração é um processo de diferenciação, uma vez que escolhe e ordena os objetos e as ações, e integra seus objetos e suas ações e lhes da um sentido que eles não têm por si só”. Ao estudar os semiólogos , os quais definem o “cinema como narrativo”, Parente aponta que “o cinema é para a semiótica um sistema de signos ou de imagens pré linguisticamente formadas, que são determinações de uma matéria não lingüística, correlato de toda língua e linguagem”.
Parente então conclui “se Metz não consegue fundar a narrativa fílmica, é porque sua concepção da narrativa fílmica é ditada pelas teorias estruturalistas que a reduzem a um objeto lingüístico, independente dos processos narrativos não lingüísticos”.





O estruturalismo tenta mostrar a modernidade do sujeito racional, um sujeito soberano, dono de si, tendo um controle sobre a realidade. Esse novo sujeito tem uma superioridade perante as lendas e os mitos. Para Peters tanto o estruturalismo quanto o pós-estruturalismo, “efetua um enérgico ataque aos pressupostos “universalistas” da racionalidade, da individualidade, da autonomia e da auto-presença, que estão subjacentes ao sujeito moderno”.
O estruturalismo interessava-se pelas relações imanentes constitutivas da linguagem e dos sistemas discursivos. Era comum a maioria das variantes do estruturalismo a ênfase sobre as regras e convenções subjacentes da linguagem mais que sobre as configurações superficiais do intercambio discursivo. (STAM, 2006: 125)

A partir do estruturalismo se tem a possibilidade de pensar a criação de outras maneiras do senso comum. Segundo Peters (2000:29) o pós-estruturalismo “cultiva uma forte suspeita relativamente a idéia de autoconhecimento, sugerindo que as estruturas sócio-culturais exercem um papel importante na formação da autoconsciência”.
Stam nos aponta que a abordagem estrutural no cinema “implicou o distanciamento de qualquer empreendimento critico valorativo interessado em celebrar o estatuto artístico do meio ou dos realizadores e filmes”. Ao pesquisar os estudos de Metz, Stam (2006:129) fala que “o objetivo da investigação lingüística deveria ser o de extrair, da pluraridade caótica da fala, o sistema abstrato de significação de uma linguagem, isto é, suas unidades básicas e suas regras de combinação em um dado ponto do tempo.

A visão de que a imagem não é uma linguagem, mas condição, correlato da linguagem, na medida em que dá a ver movimentos e processos de pensamento que precedem a linguagem formada. É por essa via que o cinema, todo ele, de ficção ou realidade, clássico ou moderno, embora de formas diferentes, constitui suas narrativas em que a palavra ( a voz, o dito, o lido, o ouvido), obviamente, encontra seu lugar, compõem-se com a imagem, mas conforme elementos de articulação que não são da língua e sim parâmetros especifico da imagética cinematográfica: luzes, movimentos, sons cores que estão em modulação continua. (TEIXEIRA, 2006: 263-264)


Para os estruturalistas pós-moderno, o passado adquiriu outro tempo, chamado agora de tempo morto ganha uma maior importância, o novo assume uma visão anacrologica, onde se tem uma maior intensidade, maior insistência e mais presente/passado/futuro, é o tempo da busca incessante pela novidade.

Na história do cinema passamos por grandes transformações de formatos e conteúdos. O cinema nesses últimos anos tem experienciado profundas transformações com o advento das novas tecnologias, chamado agora de digital, é uma nova tecnologia que não para de ser aperfeiçoada, são produções cinematográficas feita em sistema digital, é um meio democrático que possibilita produzir um filme de forma menos complicada e barata. Estamos vivendo um momento de transição tecnológica tão importante quanto ao inicio do cinema, quando os irmãos Lumière e de Georges Méliès viveram na transição do século XIX para o XX.




Vídeo - Sobre os anos 60 (Jean-Claude Bernardet) Doc. 9 min.

A partir da exposição de Elinaldo, a respeito dos conceitos utilizados por Bernadet em seu filme-ensaio, foi realizado uma primeira versão de um vídeo da discussão, o vídeo procurou colocar os conceitos levantados em aulas em uma montagem linear do acontecido. O filme é caracterizado como filme de montagem. A proposta do filme é criar um ensaio audiovisual sobre os acontecimentos marcantes dos anos 60, para isso o realizador e também critico cinematográfico, utilizou de elementos de filmes de ficção, imagens de arquivos, radiofonia, instalações, intervenções, criando uma nova re-significação das imagens utilizadas.




“As idéias nunca esta em lugar nenhum” . Para Bernadet Um dos aspectos mais importantes da montagem de um filme composto de fragmentos de outros filmes, consiste em selecionar planos (ou trechos) que servem a finalidades de novo filme: a origem esta evidentemente presente na imagem, mas deve evitar que o texto original venha demais a tona e fique se sobrepondo ao novo texto que esta sendo criado.


SERRAS DA DESORDEM

A discussão que se tem durante a aula se constrói a partir dos materiais de composição para a construção da narrativa, o realizador utiliza imagens do processo de modernização do Brasil, imagens retiradas de outros trechos de filmes que retrataram esses momentos de desenvolvimento do Brasil, assim, o vídeo construído a partir da projeção e discussão do filme, focou em como construir uma narrativa imagética com o que é falado e comentado sobre o filme. Foram levantados alguns questionamentos para essa construção, uma delas relata, em que medida se cria a junção dos discursos conceituais que o filme trata, com o que é captado pela câmera?como se tem esse dialogo?





O filme tem a temática dos índios no norte do Pais, precisamente no estado do Para. Durante a expansão econômica do Brasil, em sua época de desenvolvimento da transamazônica, no ano de 1960, por interesses capitalistas de terras, tem o massacre de uma tribo indígena. Para compor a narrativa do filme, o realizador foca na reconstituição e sobrevivência de um índio, sua identidade na atual realidade. O realizador utiliza de elementos isolados para compor uma dramaticidade, onde gerara uma das cenas centrais do filme, o encontro de um índio pelos pistoleiros encarregado de exterminar a tribo





As questões políticas que se levanta no filme de Tonacci, é a questão de nação, tem-se a atenção para seus costumes, rituais, mitos, em dialogo com o social. Confronto do mundo primitivo e mundo moderno, onde se investiga a representação dos fatos históricos e a recuperação da etnicidade do grupo. O filme ficou caracterizado pela forte forma de construir a narrativa, tendo uma exploração do documentário e ficção, sonho e realidade; imagens em preto-branco e coloridas. Usa-se arquivos formais em combinatórias de violência e alegria do povo. Quebra cabeça da historia social em dialogo com o cinema (documentário, ficção) tentativa de mostrar a construção da historia social, através de olhares históricos e construídos. Construção do filme a partir de arquivos da historia de modernização. Como criar essa combinatória de elementos?






O cinema Falado, por Elinaldo Teixeira





Leitura do filme Rua de Mão Dupla (2004) de Cao Guimarães.
Por Elinaldo Teixeira




Leitura do filme Da Janela do Meu Quarto (2004) de Cao Guimarães.
Por Elinaldo Teixeira





Esfera

Durante esse semestre (2.20120) foi criada uma pagina na internet para a divulgação e troca da experiência. A pesquisa tem o foco na construção do hipertexto, onde se tem a interconexão de imagens, sons e textos. Esta pesquisa esta sendo investigada na disciplina cursada como ouvinte, “Epistemologia e Antropologia da Comunicação Visual - Arqueologia das mídias - uma abordagem Semiótica”ministrada por Ernesto Boccara. A pesquisa completa se encontra na pagina, http://labirintico.blogspot.com/p/hipermidia.html




Primeira semana de aula (esboço/agosto-2010)
Buscar o conhecimento de novos pensares a partir do audiovisual, a fim de construir, documentários, vídeos textos teóricos e ensaios textuais, visuais e hipertextuais. Serão investigados a partir das aulas, novas formas de entendimento e dialogo com o outro, através de conversas, textos escritos em aula, gravação de aulas e eventos, pesquisas em bibliotecas de referencias utilizadas pelo professor e outras, e também o cotidiano da universidade, suas idas e vindas de alunos, professores e trabalhadores. Venda e encomenda de filmes de referencia da disciplina e outros. Como a partir dessas investigações construiremos um campo hipertextual da disciplica Teoria do cinema: passagens

O foco para essa investigação será:

- reinventar a luz, passagens entre imagens
- a vida como um caminho hibrido
- A realidade como matéria, e a busca da imaginação
- uma nova experiência imagética
- Impressões de realidade
- instauração, restauração do tempo/espaço
- produzir silencio



















Bibliografia

Analises Estrutural da Narrativa. Seleção de Ensaios da revista “Communication”. Trad. Maria Zélia Barbosa Pinto. Rio de janeiro: Ed. Vozes, 1971

BAZIN, André. O cinema ensaios, São Paulo: Ed. Brasiliense, 1991

Cadernos da pós-graduação/ Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Artes – Vol. 10, Cinema e Fotografia, 2009

CARVALHO, Edgard de Assis. Cinema: Revista Cultural da Apropuc-SP  nº4 – 2º Semestre 2006

GUTIERREZ, Francisco P. Linguagem Total: Uma pedagogia dos meios de comunicação. 3ºed. São Paulo: Sumnus, 1978

METZ, Cristian. Linguagem e cinema. São Paulo: Editora perspectiva, 1980

PARENTE, André. Narrativa e modernidade: os cinemas não-narrativos do pós-guerra. Campinas, Papirus, 2000.

PENTEADO, Witaker Jr. A técnica da comunicação humana. 10 ed. São Paulo: Livraria pioneira editora, 1987

PETERS, Michael. Pós-estruturalismo e filosofia da diferença; Tradução de Tomaz Tadeu da Silva. Belo Horizonte: Ed. Autentica, 2000

STAM, Robert. Introdução a teoria do cinema. 2. ed. Campinas-SP: Papirus, 2003

TARKOVSKI, Andrei. Esculpir o tempo. São Paulo: Martins Fontes, 1990

TEIXEIRA Francisco Elinaldo. Documentário moderno: de um cinema direto a um cinema indireto livre. In: MASCARELLO, Fernando (org.). História do Cinema Mundial. Campinas/SP, 2006.