Em busca do espaço cotidiano
Em busca do espaço cotidiano, acumula uma série de imagens e situações vivenciadas no primeiro semestre de 2011 a partir da disciplina cursada "Multimeios e Teoria do Cinema - Análise da narrativa cinematográfica de conteúdo e linguagem da obra autoral" e Jung; Ministrada por Ernesto Boccara e Elizabeth Zimmermann.
INTERCAMBIANDO (trabalho apresentado no final de semestre)
“que pode haver de mais belo que um caminho?
É o símbolo e a imagem da vida ativa e variada.” George Sand
É com este espírito da vida ativa, circundante e variada que iniciamos este texto, sabendo da completa indiferença do universo para com nossas ações, criações e questionamentos na busca de significados para nossa existência. Nietzsche já dizia “por maior importância que possa haver em conhecer os verdadeiros motivos que moveram a humanidade até nossos dias, é talvez ainda mais importante para a busca do conhecimento saber quais são aqueles que podem ser acreditados pelos homens, quer dizer, aqueles que sua imaginação pode considerar como alavancas de seus atos”. Assim, atingir nossas ‘verdades’ é impulsionar nossas ações no percurso do universo em constante rotação.
Quando nos deparamos com algo novo, e esse algo nos ‘toca’, atinge nossos estados conscientes de percepção; esforçam-se em nós, as inquietações e mistérios envolvidos nas relações e emoções dialogadas com a situação, o resultado deste “embate” nos leva na busca da questão, pela qual chegamos a determinado fenômeno, sejam eles a partir de seus fluxos e lapidações que atingem nossas percepções, sejam abrindo para novas construções ou desconstruções do pensamento em relação às idéias obtidas. Para Nietzsche, o mundo que a nós importa é apenas aparente, irreal. Mas o conceito de “verdadeiro, realmente existente” nós apenas o deduzimos a partir do “a-nós-importa”: quanto mais somos atingidos em nossos interesses, tanto mais acreditamos na “realidade” de uma coisa ou de um ente. “Existe” significa: eu me sinto nele como existente.
Este ato de perceber a realidade em nós, assimilada pelo pensamento através de uma conexão de continuidade, um signo que leva a outro signo, se manifesta inicialmente através do ato de criação. Para Pierce “um signo, ou representamem, é algo que, sob certo aspecto ou de algum modo, representa alguma coisa para alguém. Dirige-se a alguém, isto é, cria na mente dessa pessoa um signo equivalente ou talvez um signo melhor desenvolvido”. Para a construção de um signo é preciso descontinuidade dos fenômenos. Assim, extraímos os elementos vitais de sua própria manifestação de um estado consciente para se mover nas camadas históricas construídas pelo homem, tornando-o que potencialmente temos em nós, em impulso os quais nos moverá para seguir nossas jornadas.
Para Deleuze “os signos são objeto de um aprendizado temporal, não de um saber abs¬trato. Aprender é, de início, considerar uma matéria, um obje¬to, um ser, como se emitissem signos a serem decifrados, interpretados”. Assim, toda linguagem, como todo o pensamento é feito de signos, passando por um processo através de uma conexão de continuidade onde se relacionam entre si, se utilizando de meios materiais os quais atingem nossas percepções.
Nossas experiências dentro dessas dinâmicas de pensamento perpassam por estados alterados de inconsciência, na busca de entendimento e dialogo os quais a vida nos coloca, sejam filosóficos, científicos ou artísticos, para assim que formulada, ser dialogada e comunicada ao coletivo, acarretando em complexas visões de um mesmo fenômeno.
Para Jung o ser humano tem duas “Persona”, uma é a dimensão cotidiana, outra a dimensão oculta do nosso eu, a qual se manifesta a partir do inconsciente. Para o autor, o inconsciente seria uma espécie de segundo pensamento,
O inconsciente retrata um estado de coisas extremamente fluído: tudo o que sei, mas em que não estou pensando no momento; tudo aquilo de que um dia eu estava consciente, mas de que atualmente estou esquecido; tudo o que meus sentidos percebem, mas minha mente consciente não considera; tudo o que sinto, penso, recordo, desejo e faço involuntariamente e sem prestar atenção; todas as coisas futuras que se formam dentro de mim e somente mais tarde chegarão à consciência; tudo isto são conteúdos do inconsciente.”
Assim, o inconsciente condensa princípios vitais do ser, instintos puros, em que o individuo imerso, aos poucos iria através da ‘manifestação’ retornando para o estado consciente, utilizando como alavanca a estruturação e elaboração de idéias criadas pela mente, manifestado através de algum fenômeno. Para Jung,
Dentro da mente estes fenômenos tornam-se acontecimentos psíquicos cuja natureza extrema nos é desconhecida (pois a psique não pode conhecer sua própria substancia). Assim, toda experiência contém um numero indefinido de fatores desconhecidos, sem considerar o fato de que toda a realidade concreta sempre tem alguns aspectos que ignoramos desde que não conhecemos a natureza extrema da matéria em si. Há, ainda, certos acontecimentos de que não tomamos consciência. Permanecem, por assim dizer, abaixo do limiar da consciência. Aconteceram, mas foram absorvidos sublinarmente, sem nosso conhecimento consciente.
Um dos aspectos quando isto ocorre, é quando o eu é violentado, há uma ruptura do inconsciente, tendo a pessoa a viver a realidade a partir de seu próprio imaginário. O eu sozinho, não é suficiente para atingir certos aspectos da psique humana, precisamos de estímulos quando não se tem ou trabalha a estrutura psíquica, as quais para Jung se constroem a partir de ‘símbolos e imagens simbólicas’ que são a melhor maneira de representar algo que não conhecemos. Segundo Jung, “por existirem inúmeras coisas fora do alcance da compreensão humana e que freqüentemente utilizamos termos simbólicos como representação de conceitos que não podemos definir ou compreender integralmente”
É do inconsciente que (dês) brota a criação. Mergulho em processos. Vivencias. O contato e dialogo com o outro.
Para Goethe “em relação a todos os atos de iniciativa e de criação, existe uma verdade fundamental cujo desconhecimento mata inúmeras idéias e planos esplêndidos: a de que no momento em que nos comprometemos definitivamente, a providência move-se também. Toda uma corrente de acontecimentos brota da decisão, fazendo surgir a nosso favor toda sorte de incidentes e encontros e assistência material que nenhum homem sonharia que viesse em sua direção.
Trabalhos apresentados - 1º semestre de 2011
A maioria dos trabalhos práticos apresentados no mês de Junho de 2011, no Instituto de Artes na Unicamp, buscou trabalhar com a linguagem do vídeo, sendo eles projetados no LIS (laboratório de Imagem e Som) local onde são ministradas as aulas. Devida as acomodações do LIS ser limitada, por conta do espaço, tivemos as demais apresentações no Instituto de Artes Plásticas, local onde foi cedida uma sala para o desdobramentos das apresentações, tendo neste espaço, a construção da instalação.
Neste local, foram apresentados os trabalhos finais da disciplina “Multimeios e Teoria do Cinema - Análise da narrativa cinematográfica de conteúdo e linguagem da obra autorall”, esta pesquisa tenta compreender o processo de criação desses dois encontros ocorrido dia 09 e 16 de Junho de 2011.
Em busca do espaço by teatroevideo@gmail.com
Instale, se instale na instalação
A proposta de realizar uma “instalação artística” tem como princípio o trabalho em conjunto com discentes da turma, tendo como foco as investigações e criações realizadas no decorrer do semestre pelos mesmos. Para que pudéssemos construir esta instalação em dialogo com os conteúdos estudados pela disciplina, foi realizado dias antes das apresentações, uma investigação do espaço, já que o local era desconhecido para nós. Então, após obter o primeiro contato com o espaço foi possível pensar a pesquisa artística e técnica do ambiente, sendo analisada a dimensão do espaço, a arquitetura, os pontos de tomadas de energia, as luzes e os sons. Elementos centrais para estruturar visualmente, plasticamente e sonoricamente o espaço, sendo assim, estruturado de forma aberta para mudanças as quais seriam incrementados outras propostas de intervenções.
...o espaço,
“A casa é uma das maiores (forças) de integração para o pensamento, as lembranças e os sonhos do homem. Nessa integração, o principio de ligação é o devaneio. O passado, o presente e o futuro dão a casa dinamismo diferentes, dinamismos que não raro interferem, às vezes se opondo, às vezes excitando mutuamente. Na vida do homem, a casa afasta contingências, multiplica seus conselhos de continuidade. Sem ela, o homem seria um disperso. Ela mantém o homem através das tempestades do céu e das tempestades da vida. É o corpo e é a alma. É o primeiro mundo do ser humano. Antes de ser jogado no mundo, como o professam as metafísicas apressadas, o homem é colocado no berço da casa”. (Bachelard, Gastón - A Poética do Espaço)
Apartir desta citação de Bachelard, pensamos em arquitar o ambiente como se cada espaço da instalação fosse o comodo de uma casa, sendo assim, outras propostas de instalações dialogaria com o ambiente. Para entender um pouco esta dinâmica, realizamos uma pesquisa para buscar algumas inquietaões e provocações a respeito de idéias que permeiam os conceitos de instalações.
Em seus princípios básicos a instalação pode se caracterizar pelo conjunto de linguagens que ela suportar. Para a pesquisadora Luciana Bosco, a instalação “é uma obra sem limites, ela permite qualquer tipo de suporte em sua produção, já que mais que um suporte é uma poética, uma verdade em si, que promove a criação plena de mundos múltiplos, verdadeiros em sua própria essência, mesmo que imaginários e/ou virtuais em sua concepção”.
Em seu livro Fenomenologia da percepção, Merleau-Ponty nos aponta os problemas gerados em alguns casos pela percepção, e fala que “recordar-se não é trazer ao olhar da consciência um quadro do passado subsistente em si, é enveredar no horizonte do passado e pouco a pouco desenvolver suas perspectivas encaixadas, até que as experiências que ele resume sejam como que vividas novamente em seu lugar temporal. Perceber-se não é recordar-se”
Levantamento pertinente em nosso caso, ja que buscamos trabalhar durante o semestre, nossas experiências práticas e teóricas, com o foco na potencialização de nossas ações cotidianas vivênciadas dentro e fora da sala de aula. Por termos diversas situações tendo a câmera como mediação desse diálogo, optamos em trabalhar com a linguagem da vídeoinstalação. Para Arlindo Machado,
“o vídeo pode ser também um dispositivo: um evento, uma instalação, uma complexa cenografia de telas, objetos e carpintaria, que implicam o espectador em relações aos mesmo tempo perceptivas, físicas e ativas, abrangendo portanto muito mais do que aquilo que mostram as telas. Algumas instalações de vídeo já não têm nenhuma imagem prévia (pré-gravada), nenhuma fita magnética com uma “obra’ registrada, nenhum vídeocassete para “rodá-la”: há nelas apenas um circuito fechado, em que o espectador, ao deixar-se incorporar ao dispositivo, vê a sua própria imagem desdobrar-se no espaço perceptivo”.
...adentro labirinto adentrava,
Descrição, relato e idéias do espaço da Instalação
Ao entrar no espaço (corredor), o ‘viajante’ encontra uma caverna (mar do inconsciente) de cuja entrada se vê através de câmera de segurança, com uma projeção exposta na entrada o ‘viajante’ é o observador e o observado.
Procuramos simbolizar esta entrada da instalação, como se o ‘viajante’ estivesse entrando ao fundo do mar, onde encontraria suas próprias imagens. A principio através de uma câmera de segurança, onde o ‘viajante’ é o observador e o observado, e em seguida, entrando adentro a sala, a entrada nas ‘profundezas’ do mar, o qual seria representado através de vídeos da disciplina ministrada durante o semestre.
O ‘viajante’ neste perambular encontraria suas ‘próprias imagens’,onde o representamen (as próprias pessoas envolvidas) representariam elas mesmas, através das intervenções, participações e questionamentos em sala de aula, ou no próprio espaço, já que utilizamos uma câmera de segurança em diversas apresentações, e captamos com uma filmadora diversas outras, sendo realizada uma montagem dessas imagens resultando em vídeos, os quais foram projetados no segundo dia de apresentação, através de aparelhos de televisão, computadores e projetores instalados no espaço.
A proposta dos vídeos é realizá-los a partir de ações cotidianas, os quais sofrem um processo de montagem, sendo utilizados apenas sons e imagens captadas durante o semestre, na tentativa de criar a partir dos fragmentos novas percepções, sendo assim a ‘primeiridade’ desse fenômeno, um conjunto de pensamentos em camadas, superfície, aparências iniciais, feitos para atingir os órgãos perceptores. Os ritmos das imagens são determinados pelo conjunto de sinapse que se repete. Nessa codificação as imagens criam forma de energia para a consciência, tendo o espectador/participante e em algumas situações também criador, trazendo novas sensações prazerosas e doloridas de acordo com os destinos ocorridos; passando aqui para o estado de segundidade, através do ato perceptivo, onde o ‘viajante’ tem a passagens para orientação em um estado consciente, re-significando o pensamento através de uma conexão de continuidade.
A idéia era o viajante após passar por estas sensações, chegar as profundezas do mar, as quais para Jung (1994:56) “é o símbolo do inconsciente coletivo porque sob sua superfície espelhante se ocultam profundidades insondáveis. O mar é um lugar de predileção para gênese de visões”.
Adentro ao mar (do inconsciente) em seu 2º espaço tem-se instalações dos objetos emaranhados e Interconectados assim como vídeos, textos, fotos, desenhos, tudo arquitetado em forma labiríntica, utilizando nessa montagem, materiais e objetos da própria sala, os quais foram dialogados com as apresentações e projeções de vídeos. Toda esta dinâmica realizamos na tentativa de aproximar-mos do pensamento de Jung sobre o inconsciente coletivo, o qual para o autor,
“O inconsciente coletivo é constituído pela soma dos instintos e dos seus correlatos, os arquétipos. Assim como cada indivíduo possui instintos, possui também um conjunto de imagens primordiais... Aqui podemos observar a emergência de impulsos arcaicos, associados a imagens inequivocamente mitológicas. Nada em nós foi completamente esquecido: somos o que deveríamos ser. A nossa presença é nossa continuidade, e nosso movimento é nosso futuro. Somos todas as nossas imagens e todas aquelas que ainda não foram imaginadas. (1984:142)
Em alguns dos espaços presentes, o viajante poderia acumular essa viagem e depositar suas singularidades em dispositivos espalhados pelo espaço, assim como tinta, caneta e gravador. A mente incorpora o objeto dentro de si, passando pela percepção, após essa passagem ela é substituída por outra, a partir desses objetos o viajante é transportado para um ambiente ‘submersivo’, o qual carrega esse caos em sua viagem.
Partindo para um segundo espaço, tentamos desenvolver um espaço o qual propõe uma narrativa através da hibridização de linguagens e mídias, sendo assim, utilizamos o conceito de signo. A partir do conceito de signo elaborado por Pierce, investigamos no espaço a interconectividade entre uma linguagem e outra, através da linguagem do som, da fotografia, da luz, da pintura e do vídeo, sendo assim, um signo se (re) significa, e se relaciona a partir de outro signo, que aqui definimos como sendo a linguagem.
Segundo Pierce (1931:47) “um signo pode ter mais de um objeto...Mas o conjunto dos objetos pode ser considerado como constituinte de um objeto complexo...os signos serão considerados como tenso cada um apenas um objeto...o signo representa o objeto ou conjunto de Objetos que representa”. O signo age de forma virtual em nossas mentes, o que chamamos de pensamentos sua forma, cor, aparência, etc, não são signos no momento que emitimos ações sobre elas, para o signo surtir efeito há de haver uma abertura em nossas percepções de entendimento com o fenômeno.
Qualquer um desses espaços o ‘viajante’ vaguea sem uma atração principal, já que todas encontra-se submersas em uma fragmentação de vozes, sons e imagens, sejam individuais ou coletivas, conscientes ou inconscientes, sejam entre signos, significante, significado; sejam entre arquétipos, consciente ou inconsciente coletivo; tendo assim, a cada passo, uma nova luz, um outro som, outro texto, outro habitar.
(Próxima Apresentação dos trabalhos práticos dia 16 de Junho)
Multimeios e Teoria do cinema - VídeoAula um / parte 1 (março2011)
Vídeo introdutório da disciplina, captado nos primeiros dias de aula, onde é apresentada a disciplina por Boccara e Elizabeth. Abaixo a ementa da disciplina a qual utilizamos no vídeo.
A reflexão sobre a imagem teve, na primeira metade deste século, o campo da cinematografia como objeto privilegiado. A partir desta perspectiva, analisando essa reflexão também em sua contemporaneidade, buscaremos tencionar a constituição da imagem multimidiática em função do pensamento que se debruça sobre a narrativa cinematográfica
Conteúdo Programático
1.0 Contextualização e problemática analítica atual do filme de autor.
Há alguns anos a reflexão crítica do cinema de autor através da análise de seus filmes, tornou-se exigente no entendimento da correlação entre as dimensões subjetivas dos diretores de cinema e seus roteiros, com suas interpretações imagéticas e construções específicas em filmes. Estes personalizam e projetam de forma obsessiva e persistente a complexa tessitura de suas topografias psíquicas, conduzindo estruturas internas de significação, originadas em seu inconsciente pessoal exteriorizando-as e dialogando de forma compartilhada com as obscuras e abissais dimensões do inconsciente coletivo dos espectadores anônimos de uma sala de projeção.
2.0 Teorias da Psicanálise e análise de filmes de autor.
Desta forma para este entendimento através da análise de filmes é preciso convocar as Teorias da psicanálise (de Freud e de Jung) .
Sabedores de que a mais verdadeira e profunda vocação do cinema é a narrativa ficcional, com o seu poder de excitar o imaginário, o objetivo é mergulhar na fonte dos processos criativos gestores destes filmes que se tornam fortemente personalistas com relação à autoria, a ponto de se configurarem como autobiográficos, revelando concepções de mundo, crenças que por serem autênticas, como libelo de uma vontade individual férrea e automotivada que quer se comunicar com o outro, desconhecido, valendo-se de um código, de uma linguagem instituída e de extremo apelo popular: “o divã do pobre” como o quer Felix Guattari, ao definir o cinema. Este último propõe-se como participação e troca de afetos através da transferência perceptiva que pode se tornar vivenciável, dependendo da capacidade do autor, de munido de um roteiro penetrante e de forte identificação psíquica, atingir com recursos de qualidade de imagem e impactos sonoros sincronizados, memórias afetivas potencialmente abertas ao estímulo evocatório de fibras emocionais tensas do espectador.
Multimeios e Teoria do cinema - VídeoAula um / parte 2 (março2011)
3.0 A ciência do signos de Charles Sanders Peirce-A Semiótica para a análise e interpretação de Filmes.
O fenômeno perceptivo e cognitivo no cinema, como centro de interesse do nosso estudo em questão, situará o autor de filmes ficionais dentro de um processo de comunicação com o espectador.
Trata-se de saber como se constitui este vibrar na mesma freqüência sensorial e emocional da platéia por intermediação da imagem fílmica. Esta se torna signo de um objeto referente que habita a psique do autor e diretor do filme como por exemplo um estado emocional puro ou uma elaborada e complexa significação sobre a existência humana: “Sou onde não estou, estou onde não sou” como dizia o psicanalista Lacan.
Segundo Lucia Santaella: “...não há percepção sem linguagem. Não há linguagem sem signos, não há qualquer atividade de consciência que não seja signo. O signo no cinema é centrado no Icônico e no Indicial. O primeiro é dirigido à porta perceptiva da visão e o segundo direciona o olhar do espectador e orienta-o no recorte em movimento simulado que é feito do mundo. A vontade consciente e todo o processo criativo operacionalizado pelo autor é através destes dois tipos de signos.
4.0 A correlação entre arquétipos e signos no processo criativo dos filmes ficcionais de autor:a estruturação do roteiro.
Entendendo o cinema como fenômeno perceptivo e suas correlações com a cognição e o comportamento humano resultante de sua fruição, justifica-se, o duplo referencial de abordagem a Teoria da Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung e a ciência dos Signos de Charles Sanders Peirce, pelo fato de se querer pesquisar de forma correlacionada o cinema de autor como processo de comunicação nas relações que se estabelecem entre o diretor como emissor de mensagens codificadas através de sua linguagem expressiva que domina e a fruição ou recepção desta mensagem pelo intérprete-espectador e o obscuro processo criativo que emerge com seus conteúdos subjetivos, movidos pela energia psíquica de modo a exteriorizar os arquétipos. Admite-se ser polêmico e muito discutível querer correlacionar duas polaridades em jogo na criação de um filme: os arquétipos como unidades elementares que emergem do inconsciente coletivo nos processos criativos e os signos que como unidades elementares da consciência que os ordena dentro da lógica estruturadora de qualquer linguagem a partir de processo de codificação.
Um estudo sobre a Mandala
A partir da projeção de um vídeo sobre um trabalho com titulo "Arquétipos e inconsciente coletivo -- um estudo sobre as mandalas". Foi possível construir um vídeo com uma estrutura em que os conceitos expostos por Boccara e Elizabeth, sobre as origens e movimentos em torno do símbolo da mandala, se (re)significasse em outro contexto, em dialogo com a aula
5.0análise de aspectos filosóficos de narrativas cinematográficas e suas correspondentes imagens que se constituem como um certo conceito compreensivo do mundo-segundo Julio Cabrera: o conceito-imagem.trata-se de uma espécie de introdução histórica à filosofia por meio da análise de filmes.Saber acerca da própria filosofia através do confronto com o cinema.O que se quer á elucidação de conexões entre conceitos de maneira lúcida e esclarecedora.As imagens fílmicas parecem vincular conceitos e explorar o humano de maneiras mais perturbaoras do que a lógica e a ética escritas.Neste sentido a filosofia quando manifesta seu interesse pela busca da verdade não deveria apoiar a indagação acerca de si mesma apenas em sua pr´pria tradição, como marco único de aito elucidação mas inserir-se na totalidade da cultura.
Registros da Humanidade. Doc. 16min.
A partir deste tema, o vídeo apresenta uma serie de significação expostos por Boccara e Elizabeth, sobre os registros da humanidade construídos ao longo de sua existência.
5.0 Análise de filmes e roteiros de filmes e vídeos . Exercícios experimentais de videografia a partir da análise e releituras experimentais.
De modo a estimular e facilitar este trânsito entre a as dimensões subjetivas no processo criativo de filmes de autor e as dimensões objetivas e operacionais da realização de um filme para cinema ou vídeo a disciplina terá uma série de filmes para análise e referências para releituras ou estímulo para exercício videográficos realizados pelos alunos.
Submersão
...é como um navio afundando em que a tripulação joga tudo que pode ao mar para retardar o inevitável mergulho final:a descida ao fundo. E mergulha tão profundamente na natureza humana a partir de sua tragédia pessoal e de sua condição social. Começa com um mergulho profundo no subsolo obscuro sem solidez, apenas um movimento para dentro e mais para dentro, cedendo ao impulso de se apoiar de ter uma base.Um desejo que não se realiza nunca, apenas a continuação de um movimento perpétuo. Um universo então surge, desprovido de sentido, inteiramente indiferente ao ser humano.A face sombria e tenebrosa do nada.Apenas um silêncio eterno em um espaço infinito de efeito aniquilador.Aqui o ego consciente solitário e mortal, pode ser estimulado e ao mesmo tempo esmagado.Um mundo para a ser moldado de maneira a coincidir precisamente com a visão imaginada.Dificilmente cognoscível pela razão.A senha para entrar é a paixão.De lá emergem os fenômenos do inconsciente.É pano de fundo obscuro.Camadas obscuras sobrepostas até formarem um tecido viscoso. É um lugar que não obedece à nossa vontade, é autônomo de caráter frio .Mas aberto ao diálogo silencioso das almas desesperadas.É como uma fera adormecida mas de sono leve, tem a beleza do selvagem,do primordial mas pode revelar subitamente um instinto de sobrevivência e auto perpetuação e atacar ferozmente. (Ernesto Boccara)
O Mar do Inconsciente by teatroevideo@gmail.com
Sem data (anotações de uma aula)
Conectar a subjetividade – percepção – historia indidual perceptiva, ponte _ meio de conexão – Humano – não-humana_ espécie – estado de vigília – língua_linguagem_”morte dos objetos a partir da nomeação”_ gestos / fisionomia/contato – diferenças, concordância de atos de obediência a ordem, a lei, a moral...Nomear para dar existência_ consciência de organização de processos. A linguagem é cúmplice da fragmentação _ tradição _ manipulação – observação- constatação de um ideal.
A necessidade da diferença – a forma_expressa_descontinuidade- forma. contornos_descontornos_ distancia de combinatória subterrânea- complexidade, signos. O pensar, observa o pensamento em movimento. Método. Auto-consciência. Natureza imagética _ Quais elementos constitutivos do pensamento – conhecimento – estados do pensar – classificação da teoria – complexidade – toda compreensão se eleva a outras conexões – relações – teias – interconectividade da elevação do pensamento A busca da ordem – fenômenos. Decorrência dos trabalhos do neurônio _ pensar o pensamento – Anatomia do signo – significado – significante – movimento – corpo de armazenamento de significado. Pensamento interior significante- significado – preciosidade – de onde viemos? Para onde vamos?
Leituras dessa pagina
Bachelard, Gastón. A Poética do Espaço. Tradução Antonio de Pádua Danesi – São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1993
Deleuze, Gilles. Proust e os signos. Tradução Antonio Piquet e Roberto Machado. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003.
Deleuze, Gilles; Félix Guattari. Mil platôs - capitalismo e esquizofrenia, vol. 1 - Tradução de Aurélio Guerra Neto e Célia Pinto Costa. —Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995
Jung, Carl Gustav. O espírito na arte e na ciência. Petrópolis, Ed. Vozes, 1991.
________________O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira, 1975.
________________ Psicologia e Alquimia. Petrópolis, Ed. Vozes, 1994.
________________ A dinâmica do Inconsciente . Petrópolis, Ed. Vozes, 1984
Nietzsche, Friedrich Wilhem. A gaia ciência. Tradução Marco Pugliesi/ Edson B. P. Lima São Paulo: Ed. Hermus, 1976
_______________________. Fragmentos Finais. Tradução Flavio R. Kothe – Brasília: Ed. Univ. de Brasília, 2002
Peirce, Charles Sanders. Semiótica. Tradução Jose Teixeira Coelho Neto; Ed. Perspectiva São Paulo, 1977
___________________. Semiótica e Filosofia. Tradução Octanny da mota e Leônidas Hegenberg. Ed. Cultrux São Paulo, 1974